8/23/2002

CUSTO BRASIL

As pessoas que direta ou indiretamente trabalham com comércio exterior vivenciam diariamente o famoso "custo Brasil". Processos altamente burocráticos, infraestrutura aeroportuária e portuária deficientes, custos de manuseio e armazenagem acima da média internacional, máquina fiscalizatória (aduana) desaparelhada, impostos em cascata, entre outros fatores. Isso torna nossos processos mais lentos, caros e sobretudo ineficientes, quando comparados aos de outros países, o que, evidentemente, constitui desvantagem econômica terrível para as emrpesas brasileiras. Tanto mais quando lembramos que já estamos na era do "digital trading" onde transações comerciais são processadas 24 horas por dia de forma on line e escritural e com mínima interferência humana. Interessa-nos nesse momento destacar um fator extremamente danoso ao processo de aprimoramento do nosso setor externo : a instabilidade regulatória presente nas importações e exportações brasileiras. Obviamente, todos reconhecemos a importância tática dos mecanismos regulatórios, tarifários e alfandegários tanto como peças da política econômica como ferramentas administrativas das quais o Governo dispõe para gerenciar o comércio exterior. No entanto, ao manipular excessivamente as regras do jogo, as autoridades causam impactos adversos no fluxo de renda da economia, alterando os parâmetros decisórios do setor privado de forma brusca e inadequada. Todos sabemos que o capital é avesso à instabilidade. Adicionalmente, quanto maior a instabilidade do ambiente econômico, mais amplo o leque de riscos a que as empresas estão expostas e consequentemente maior a margem de lucro requerida para viabilizarem-se projetos de investimento. Muitas vezes negócios extremamente bem planejados e potencialmente rentáveis tornam-se economicamente inviáveis a partir da criação ou simples mudança das regras do jogo. A crença do setor privado na instabilidade regulatória do país implica num aumento tendencial da margem de segurança utilizada em análise de projetos, elevando a taxa de retorno mínima requerida para viabilizar os investimentos, o que pode ser traduzido como um obstáculo adicional ao processo de crescimento econômico. Se nossos custos e riscos são estruturalmente maiores, nossos produtos são estruturalmente menos competitivos. Portanto, pode-se concluir que o chamado "custo Brasil" tem raízes muito mais amplas do que se tem comentado. Caso não nos mobilizemos para superar nossos problemas corremos o risco de perder novas décadas, novas perspectivas - talvez de forma irreparável. ENVIE COMENTÁRIOS PARA unit@laurino-lopez.com.br

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