9/28/2011

Apimondia Talks @Honeybroker


Após uma semana de conversas com traders, brokers, packers e importadores, ainda pairam no ar dúvidas sobre os desdobramentos do novo marco regulatório sobre a comercialização de méis na Europa, após a controversa decisão de 6/setembro (Caso GMO). Em 23 de Outubro haverá uma nova reunião em Bruxelas para a discussão do assunto ainda indefinido.
O preço do mel e a taxa de câmbio nos preocupam porém o aspecto macroeconômico global emana como um significativo elemento aos planos de negócios de todas as empresas.
Temos vivenciado turbulências nos mercados de crédito e de câmbio, impactando os preços de ativos reais e commodities. O inevitável esfriamento do mercado de crédito na Europa e a conseqüente desalanvacagem financeira dos bancos (e por tabela das empresas e famílias) reduzirá sobremaneira o crescimento potencial das economias européias nos próximos anos e infelizmente provocará uma recessão  no curto prazo, cuja magnitude ainda se desconhece, porém já alarma analistas de leste a oeste. Os EUA continuam patinando ou como dizem meus colegas de mercado “andando de lado”, porém é inegável que a natureza da crise de 2008 e o persistente nível de desemprego produziram uma mudança profunda nos hábitos das famílias/consumidores (mudança na curva da “renda permanente”) e principalmente nas expectativas em relação às taxas de retorno dos investimentos.  Portanto a despeito da sua posição de liderança em relação à inovações tecnológicas e aumento da produtividade, vejo que a economia norte-americana será tendencialmente poupadora de mão de obra, gerando pressões sociais e um desconforto crescente no ambiente político. A maior instabilidade geopolítica no Oriente Médio e a crescente importância da China como lastreadora dos deficits externos das economias “centrais” são apenas a cerejas em um bolo cravejado de cápsulas de cianeto. Eu concordo com o diagnóstico do Sr Attila Szalay-Berzeviczy (Unicredit Global Securities e ex-presidente da Bolsa de Valores de Budapeste) para quem o Euro está com os dias contados como reserva de valor e moeda comum na UE. Não é razoável imaginar que a Alemanha continue pagando indefinidamente a conta da irresponsabilidade fiscal de gregos, italianos, espanhóis, portugueses, irlandeses, etc... É um jogo cujo desfecho não terá vencedores pois a Alemanha depende muito das exportações de produtos acabados e de alto valor agregado para todos estes países.  No entanto, “in the end of the day” é o fator político que determinará a eventual derrocada do Euro como moeda comum.
Apesar do mel ser pouco elástico à renda e ao preço em comparação com outros produtos, não podemos negar que :
1)      a reversão das expectativas sobre o desempenho das economias centrais impactará o plano de compras tanto da indústria como do varejo;
2)      as exportações de mel envasado da Alemanha serão obviamente atingidas pelo “caos” creditício que começa a se abater sobre a Europa;
3)      o fluxo de exportações de mel para a Europa será negativamente impactado pelo novo marco regulatório (GMO), independentemente de quais procedimentos sejam adotados. Consequentemente, haverá uma oferta tendencialmente mais elevada nos EUA;
4)      Há um estoque de mel na Argentina de app 20 mil toneladas de mel (safra 2010).

Estes elementos fortalecem a crença num cenário de preços declinantes nos EUA, pelo menos até o começo de 2012 quando se iniciará a nova safra na Argentina e quando espera-se ter um melhor entendimento da nova dinâmica das exportações para a UE.
Por outro lado, o fluxo de mel chinês “circumvented” nos EUA está diminuindo cada vez mais e a solidificação do programa True Source Honey contribuirá de modo essencial para o futuro encerramento destas operações ilegais que, neste ano, deve ter colocado nos EUA cerca de 40 mil toneladas de mel. Esperam-se para as próximas semanas anúncios de prisões de vários indivíduos envolvidos com estas operações nos EUA. Nesse sentido, é razoável supor que em 2012 haverá uma necessidade maior de méis “legítimos” nos EUA, o que certamente colocará uma pressão nos níveis de preço de todas as classes de méis, especialmente ELA e LA.
Como sempre, acertar (ou errar pouco) o “quanto” e “quando” serão os elementos determinantes para a definição de estratégias vencedoras, mesmo em um cenário de preços declinantes no curto prazo. É isso.

@honeybroker 

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