1/27/2012

Mercado do Mel em 2012 - Annual Paper


O ano começou com incertezas significativas sobre o comportamento dos preços no mercado internacional em 2012. Sabe-se que os principais países importadores de mel (EUA e Alemanha) vivem momentos complexos com diferentes elementos pressionando os preços ora para cima ora para baixo. Nesse sentido, será prudente trabalhar com um cenário de muita volatilidade nas cotações ao longo de todo o ano, em especial de Fevereiro a Maio quando as safras no Hemisfério Sul estarão em fase de definição.
A situação europeia  é complexa e traumática para o mercado haja vista a impossibilidade do estabelecimento (no curto-médio prazo) de uma marco regulatório estável e universal quanto aos testes necessários e suficientes para determinar que lotes são livres de pólen oriundos de organismos geneticamente modificados e quais não o são. No presente momento cada importador determina, com critérios internos, qual sequência de testes deverá ser seguida antes dos embarques sem no entanto garantir  ao exportador que a operação estará livre de contingenciamentos aduaneiro-sanitários, mesmo após a aprovação das amostras representativas dos lotes a serem embarcados. Ou seja, há uma insegurança operacional importante em qualquer embarque para a UE, em especial para a Alemanha. Inglaterra e Espanha parecem ter um entendimento menos burocráticos quanto ao tema GMO o que todavia não elimina o risco de contingenciamentos. Ao mesmo tempo, nesses dois países é cada vez maior a importação de mel chinês, deprimindo as cotações.
A questão “GMO” é apenas a cereja do bolo para um mercado já reconhecido por outros obstáculos técnicos como o HMF, alcalóides (PA) e resíduos. Em suma, exportar para a UE pode ser vantajoso em alguns segmentos (especialmente para o LA orgânico) em termos de preço FOB, porém o risco operacional maior deve ser contemplado.  Adicionalmente, deve-se ter em conta o aspecto macroeconômico : nos próximos anos, a eurolândia padecerá sob uma pesada restrição orçamentária, desemprego e taxas de crescimento pífias (ou mesmo negativas..), afetando obviamente a demanda agregada em todos os países, respingando também no nosso setor.
O imbroglio europeu (“euro´s mucking fuddle”) resultou num excesso de oferta aos importadores americanos e isso explica a queda nas cotações desde Outubro de 2011.  Os preços hoje estão de 8% a 15% menores , dependendo da faixa de cor e tipo do mel (orgânico ou convencional). Países que tradicionalmente exportavam concentradamente para a UE (América Central, Chile, México) despejaram ofertas a preços sequencialmente menores nos EUA, movimento que começou assim que acabou a Apimondia em Buenos Aires. A onda de ofertas foi aumentando à medida que as várias reuniões entre importadores, associações e autoridades europeias não resultavam em avanços práticos quanto aos procedimentos de verificação da presença de pólen GMO nos méis. Além disso, a Argentina fechou o ano carregando um estoque estimado em até 20 mil toneladas... Ou seja, os argentinos podem ter virado o ano com um “Brasil” nos galpões.
Ao mesmo tempo, há três elementos que em tese empurrariam os preços para cima nos EUA : a demanda firme por méis (principalmente para uso industrial), a decepcionante safra em 2010/2011 e os crescentes constrangimentos ao fluxo de importação de mel chinês via operações triangulares com outros países (India, Vietnam, Indonesia, Malásia, Filipinas, Tailândia).
Nesse momento as perspectivas na Argentina/Uruguai são incertas. Após um período de estiagem nas principais regiões produtoras, as chuvas das últimas três semanas mudaram um pouco o ânimo dos apicultores. No Brasil, a safra da região Sul foi certamente impactada também pela seca porém as perspectivas no Piaui/Ceará são boas para o 1o semestre. Devemos ter ao menos a mesma perfomance de 2011 com cerca de 20-25 mil toneladas exportadas salvo algum evento climático extraordinário. India e Vietnam estão também em fase inicial de safra e serão determinantes, principalmente para a formação de preços do mel Light Amber (max 85mm).
O segmento orgânico continuará crescendo, porém sob diferenciais de preço bem menores daqueles observados em 2011.
A chave para 2012 será estimar a intensidade de cada uma dessa forças. De todo modo, não será um ano para grandes especulações e movimentos espetaculares. Eu sugiro uma estratégia conservadora, com baixos estoques e giro rápido dos méis. Sugiro também para aqueles que quiserem acertar mais e errar mais rápido que vendam seus méis com o @honeybroker !



John Laurino – johnlaurino@gmail.com